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Indústria química oferece prêmio de tecnologia

Inscrições para o Kurt Politzer estão abertas até 31 de outubro nas categorias pesquisador, start-ups e indústria

Estão abertas as inscrições para o Prêmio Kurt Politzer de Tecnologia, conferido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) a pesquisadores, start ups e indústrias por iniciativas ligadas à pesquisa e inovação na química. Os trabalhos podem ser inscritos até dia 31 de outubro, e os vencedores serão anunciados em dezembro, no Encontro Anual da Indústria Química. 

"A parceria com pesquisadores da academia é fundamental para o desenvolvimento de inovações em produtos e processos na indústria química, setor este que terá papel preponderante na geração de soluções mais sustentáveis para outras indústrias e sociedade em geral nas próximas décadas", afirma Fernando Figueiredo, presidente-executivo da Abiquim.

O professor Claudio Mota (UFRJ) teve seu trabalho reconhecido em 2007. "Na época que ganhei este prêmio estava, ainda, iniciando as pesquisas sobre aproveitamento de glicerina de produção de biodiesel. Era, na ocasião, um dos poucos no Brasil a trabalhar nesta área e o prêmio foi um grande incentivo para continuar as pesquisas. O uso de biomassa pelas indústrias químicas era algo prioritário em 2007, e imagino que o prêmio tenha sido um reconhecimento aos esforços que fazia para encontrar soluções economicamente viáveis para a glicerina, cuja produção crescia vertiginosamente com a ampliação do programa nacional de produção e uso de biodiesel", recorda o professor. 

Em sua opinião, a universidade precisa trabalhar em sintonia com a sociedade. "No caso da química, é importante que tenhamos pesquisas que possam ajudar no desenvolvimento econômico e social do país, e parcerias ou estudos que interessem ao setor industrial são fundamentais. No passado, as Universidades brasileiras eram mais fechadas e havia muito pouca interação com o setor industrial; os projetos visavam apenas à expansão do conhecimento científico que, apesar de importantíssimo, precisa, também, vir acompanhado do desenvolvimento tecnológico visando a aplicação destes conhecimentos.", avalia Mota. "Neste sentido é muito importante que mais pesquisadores da universidade se inscrevam para o Prêmio Kurt Politzer, pois é uma forma de mostrar o trabalho que fazem e construir potenciais parcerias com o setor industrial."

A professora Vanderlan Bolzani (Unesp) venceu o Prêmio Kurt Politzer na categoria pesquisador, em 2015, junto com o professor João Batista Calixto (UFSC), e Maria Luiz Zeraik (UEL), pelo trabalho relacionado à utilização sustentável da polpa dos frutos de umbu e umbu-cajá, uma fonte natural de substâncias fenólicas de alto valor agregado para a indústria de cosméticos, com propriedades anti-envelhecimento. 

"É um Prêmio muito importante porque extrapola o ambiente acadêmico, mostra que pesquisa acadêmica de qualidade pode gerar inovação tecnológica e enfatiza à sociedade que ciência é fundamental para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em qualquer lugar do planeta", afirma a professora. 

Ela conta que essa linha de pesquisa (resultante de uma colaboração internacional entre o CNPq e o governo suíço) começou com o estudo de mais de 20 frutos típicos do nordeste brasileiro. "Então descobrimos que o abundante umbu tem uma composição química fenólica extremamente interessante. Encontramos alguns derivados inéditos, com alto poder antioxidante. São substâncias que podem ser usadas para melhoria de memória, como suplemento alimentar para pessoas de mais idade", explica. "Depois da fase acadêmica, estudos pré-clínicos foram feitos pelo professor João Batista Calixto, então temos uma pesquisa bem avançada em termos de prova de conceito." 

Este ano uma indústria alemã procurou o grupo de pesquisadores com o intuito de realizar mais estudos pré-clínicos e clínicos com as substâncias do umbu naquele país. "O Prêmio Kurt Politzer corrobora o que é óbvio – e temos que comemorar sempre –: quando uma pesquisa básica é capaz de gerar tecnologia, também vai gerar inovação tecnológica a partir do interesse das empresas", observa Vanderlan. "Na universidade, estamos preparados para fazer ciência boa, de qualidade. Resta encontrar empresas aptas a investir nas criações geradas" 

Saiba mais sobre o Prêmio Kurt Politzer e inscreva seu trabalho: 
http://www.abiquim.org.br/abiquim/premio-kurt-politzer-de-tecnologia/apresentacao 

Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)