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Especialista fala sobre experiência dos Estados Unidos na exploração do gás de xisto

A exploração de gases naturais não convencionais, como é o caso do gás de xisto, apresenta riscos ao meio ambiente, mas cada país precisa desenvolver boas práticas para tornar menores os impactos, disse nesta segunda-feira (28) o professor Joseph Figueiredo, do Bureau de Recursos Energéticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos. O especialista em exploração de gases não convencionais foi convidado pela Comissão Senado do Futuro.

A exploração do gás de xisto (ou gás de folhelho, rocha sedimentar) é feita pelo processo de faturamento hidráulico, em que uma mistura de água e químicos fragmentam as rochas. O processo é controverso porque apresenta riscos ambientais como contaminação das águas subterrâneas, contaminação do lençol freático e do solo, emissões de metano que poderiam trazer danos à camada de ozônio e ativação de falhas geológicas, o que pode provocar terremotos. 

Segundo o professor, no entanto, o desenvolvimento tecnológico e a experiência podem ajudar diminuir esses impactos. Entre as práticas que podem ser adotadas está o uso de água imprópria para o consumo, em vez de água potável; a diminuição no número de caminhões e a substituição do óleo diesel desses caminhões por gás natural, além do monitoramento de atividades sísmicas nas áreas em que se pretende explorar o gás. A liberação de metano também é uma preocupação nos Estados Unidos.

— Ainda existe uma certa quantidade de queima de gases que é permitida, mas não é tão comum quanto era antigamente, também se procura limitar as emissões de metano fugitivo durante o processo — disse. 

Além disso, é possível medir a qualidade do ar antes de depois da perfuração dos poços, para monitorar essas emissões, investir no selamento desses postos para evitar o escape e usar um novo equipamento de infravermelho que permite saber de onde o metano está escapando. Também é preciso fornecer informações à população das áreas envolvidas.

Transparência

— Um dos maiores desafios é o engajamento com a comunidade, como falar com o público. A população quer saber que nada de ruim vai acontecer, e, como governo responsável, você nunca pode falar isso, mas isso não quer dizer que você não possa ter um diálogo sobre como o governo está tentando lidar com as diferentes questões que preocupam a população — disse.

Segundo Figueiredo, apesar de cada estado ter uma regulação própria nos Estados Unidos, há exigências mínimas previstas em legislação federal que precisam ser cumpridas.

Brasil

O consultor do Senado Luiz Bustamante, especialista em mineração, apontou um grande potencial na área de gases não convencionais no Brasil. Segundo o consultor, estudos apontam que o país tem a décima maior reserva de xisto do mundo. Os dados, no entanto, são estimativas, e há possibilidade de que a reserva seja ainda maior. 

Esse potencial, no entanto, não é explorado. O último leilão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para a exploração desse recurso foi alvo de uma série de contestações na justiça. O foco são os danos ao meio ambiente que podem ser causados pelo processo de a fraturamento hidráulico.

— É uma grande riqueza, que pode gerar renda, emprego, recursos para os estados e municípios que estão em crise fiscal severa. Também possibilitaria a industrialização de áreas no interior do Brasil, o que reduziria as desigualdades regionais, e geraria recursos para a saúde, a educação e o desenvolvimento científico e tecnológico. Por outro lado, existe a preocupação do custo ambiental que esse tipo de exploração pode trazer — ponderou Bustamante.

Fonte: Agência Senado