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100 anos da Teoria de Lewis é foco de debate na 39ª R.A.

Teoria que explica ligações químicas por compartilhamento de elétrons será tema de sessão temática que reunirá físicos e químicos

Há 100 anos o norte-americano Gilbert Newton Lewis publicava o mais importante de seus artigos, em que descrevia uma única ligação por dois cubos compartilhando um vértice, ou, de forma mais simples, por pontos duplos, que se tornaram conhecidos como estrutura de pontos de Lewis. Seu modelo, embora com limitações, é um marco na história da Química, e será debatido em sessão temática na 39ª. Reunião Anual da SBQ, que será realizada de 30 de maio a 2 de junho, em Goiânia. 

"Lewis resumiu quatro mil anos de química nessa teoria. Ele trouxe o elétron para as pesquisas químicas", afirma o professor Pierre Mothé Esteves (UFRJ), coordenador da sessão. O debate reunirá os físicos Sylvio Canuto (IF-USP) e Oscar Loureiro Malta (UFPE), além do químico Marco Antônio Chaer do Nascimento (UFRJ). "A ideia da sessão é fazer um brainstorm sobre o que é a ligação química. É uma área do conhecimento que não está esgotada e provavelmente nas próximas décadas terá uma nova revolução", opina Mothé Esteves.

Lewis nasceu em 1875, em Massachusetts, filho de um advogado e uma dona de casa. Foi educado em casa e alfabetizado aos três anos. Ainda criança mudou-se com a família para o Nebraska, onde iniciou os estudos superiores. Terminou seu bacharelado em Harvard em 1893. Foi nessa mesma universidade que concluiu mestrado e doutorado, ainda no século 19. Esteve na Alemanha (Gottingen e Leipzig) na virada do século, trabalhou nas Filipinas e voltou para lecionar. Era professor titular no Massachesetts Intitute of Technology quando, em 1912, aceitou dirigir o Departamento de Química da Universidade da California, Berkeley. 

"Naquele tempo Berkeley era no meio do mato. Lewis morava lá e deu uma grande contribuição ao Departamento de Química, que modernizou-se sob sua gestão", conta Mothé Esteves. Lewis serviu na Primeira Guerra Mundial em solo francês e apenas quando voltou publicou seu principal trabalho. Morreu em seu laboratório em 1946, por envenenamento, em circunstâncias não plenamente claras. "Ele pode ter se suicidado por conta de desgostos na carreira. Há quem acredite que a fatalidade se deva a um acidente de laboratório", conta Mothé Esteves. 

Ele descreve Lewis como "talvez o último dos químicos antigos, um obstinado pela ciência, muito elegante em suas pesquisas e textos, mas de gênio rebelde. Influenciou Pauling, que frequentava sua casa, debateu com Einstein, deixou muitas contribuições". Lewis foi indicado ao Nobel mais de uma vez, mas nunca conquistou o prêmio. 

"A teoria de Lewis teve profunda influência na parte do meu trabalho relacionada à natureza da ligação química. Isto porque, constatada suas limitações, passei a procurar alternativas para o entendimento da ligação química", afirma o Professor Marco Antônio Chaer do Nascimento, um dos participantes da sessão temática, bisneto acadêmico de Lewis. "Creio ser de extrema importância mostrar para as novas gerações como ideias, aparentemente simples, podem provocar um enorme desenvolvimento da ciência. Entretanto, a Sessão Temática será também importante para mostrar que a evolução da ciência força uma constante reavaliação das ideias e dos modelos por elas gerados e, sem deixar de reconhecer seu valor histórico, apresentar uma visão atual do conceito de ligação química", observa Chaer. 

Para saber mais: 
Versão online do Journal of Computational Chemistry, edição especial dos 90 anos da Teoria de Lewis

 

A 39ª Reunião Anual da SBQ será no Centro de Convenções de Goiânia, de 30 de maio a 2 de junho de 2016.

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Texto: Mario Henrique Viana, assessor de imprensa da SBQ