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Simpósio reúne três presidentes de sociedades químicas com a SBQ

Discussão sobre desafios e oportunidades da química no século 21, na 38ª RASBQ, coloca EUA, Reino Unido e Canadá no mesmo debate, mediado pela SBQ

 

Um simpósio importante vai reunir presidentes de três das mais proeminentes sociedades internacionais de Química na 38ª Reunião Anual da SBQ para debater os desafios e oportunidades desta Ciência no Século 21. "É a primeira vez que conseguimos reunir em simpósio no Brasil as sociedades de química dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Canadá", celebra Adriano D. Andricopulo, presidente da SBQ, que será o coordenador deste evento. "Temos muitos desafios e, portanto, muitas oportunidades, e o debate será rico em troca de ideias e experiências sobre o que de melhor acontece na Química no mundo todo", explica. 

Para Dominic Tildesley, presidente da Royal Society of Chemistry (RSC), do Reino Unido, "a Química tem o potencial para aprimorar todos os aspectos da vida humana, desde a produção sustentável de alimentos a energia, passando pela qualidade da água, melhorias na saúde e facilidades na vida cotidiana". Contudo, acredita Tildesley, é preciso incrementar diversos eixos de colaboração, seja entre as várias disciplinas acadêmicas, com a iniciativa privada e também entre as diversas nações. "Quando químicos trabalham em conjunto entre si, e com os outros, acontecem avanços incríveis para a humanidade", disse ao Boletim da SBQ.

A presidente da Canadian Society for Chemistry (CSC), Youla S. Tsantrizos observa que, sendo a Química a pedra fundamental da inovação e do crescimento econômico com base no conhecimento, é preciso envolver as jovens mentes mais brilhantes e criativas. "Estes indivíduos são movidos pela curiosidade intelectual e a ambição profissional. O ensino da Química deve ter como foco engajar esses jovens, o que requer mentores devotados e um compromisso dos governos no sentido de criar condições financeiras adequadas para a pesquisa", afirma.

Youla concorda com Tildesley, da RSC, sobre a importância do trabalho conjunto de químicos com os setores industriais. Mas alerta que tanto as restrições oriundas da confidencialidade inerente aos projetos do mundo corporativo, quanto a dificuldade do mundo acadêmico compreender características do caminho de um produto inovador até o mercado são barreiras que devem ser superadas. "Para construir essa ponte é preciso incrementar o debate entre cientistas da academia e da indústria. Penso que neste momento colaborações em pesquisas que não estão diretamente ligadas a projetos das corporações são o melhor caminho para ambos os lados", declarou a presidente da CSC.

O presidente da SBQ destaca o fato de as grandes conquistas estarem ligadas a grandes desafios. "É só uma questão de ponto de vista", afirma Andricopulo. "No Brasil, temos enormes desafios – e, portanto, grandes oportunidades – por exemplo, a nossa extraordinária biodiversidade, que ocupa importante papel na economia nacional, e que tem que ser melhor aproveitada para gerar riquezas para a nossa sociedade. Um grande problema é a legislação que atravanca as pesquisas científicas e o desenvolvimento de patentes e novos produtos." 

No caso dos Estados Unidos, a exploração do gás de xisto nos últimos é tida como uma das responsáveis pela guinada da indústria local. Para o presidente da American Chemical Society, ACS, Thomas J. Barton, a exploração do gás de xisto poderia acarretar uma redução nos esforços no sentido de desenvolver fontes energéticas que deverão substituir os combustíveis fósseis, o que classifica como um "infortúnio". 

Barton, contudo, vê com otimismo o futuro da Química no Brasil e no mundo. "Acredito que o Brasil vem realizando um grande trabalho tanto na indústria quanto na formação dos químicos. Estou muito animado para aprender mais sobre o Brasil na 38ª. RASBQ", declarou.

Para a presidente da CSC, será a primeira visita ao Brasil. "Vou aproveitar a visita para estreitar nossa parceria com a SBQ, sobretudo em áreas de interesse comuns como pesquisa e educação. Quanto maior for nossa parceria, melhor será para químicos estudantes e profissionais em nossos países", disse Youla. 

Andricopulo concorda com a colega. "Realmente, além de participarmos do simpósio, será uma oportunidade para que estreitemos laços. Sabemos que em breve o Brasil será o centro das atenções da Química mundial, por conta do encontro da IUPAC 2017. E devemos estabelecer uma série de ações para curto e médio prazos." 

Da mesma forma pensa Tildesley, da RSC. "Queremos formar uma parceria com a SBQ para este megaevento que será a IUPAC 2017. Queremos trocar experiências e aumentar a colaboração entre todos os países. Creio a SBQ conseguiu, ao conquistar o direito de ser sede do encontro da IUPAC, posicionar o Brasil como o centro da pesquisa química na América Latina", afirmou. 

O presidente da SBQ observa que a presença, não só dos três presidentes de importantes sociedades químicas, como também a vinda do Nobel Chiechanover e de diversos pesquisadores estrangeiros de ponta é uma tremenda oportunidade para a juventude brasileira. "Espero que os estudantes compareçam em peso ao evento, porque será uma oportunidade rara para ouvir um grande número de químicos de primeira linha", concluiu.

 

Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)