Menu principal

Mestrado profissional, que aproxima indústrias das universidades, em foco na 38ª RASBQ

Na UFSCar e na USP, modalidade já rende frutos ao mercado. Procura pelos cursos vem aumentando, mas há desafios pela frente

A aproximação entre universidades e empresas por objetivos comuns em inovação e geração de conhecimento aplicável é uma questão cada vez mais presente nos debates, tanto no setor acadêmico, quanto na iniciativa privada. Uma ferramenta muito importante vem crescendo no Brasil e conquistando público em pelo menos duas grandes universidades. Trata-se do mestrado profissional, que será debatido na 38ª. Reunião Anual da SBQ, a ser realizada em maio, em Águas de Lindóia-SP. 

O mestrado profissional, diferentemente do mestrado acadêmico, tem um foco específico em necessidades do mercado. Na UFScar são duas modalidades: o Tecnológico, para profissionais da indústria, e o mestrado profissional em Ensino, para professores. Na USP o mestrado profissional existe apenas para profissionais da indústria, porque já existe outro curso focado no Ensino de Química. 

Na USP, há três anos, e na UFScar, desde 2008, a modalidade vem colhendo bons resultados. "Temos verificado que nossos mestres têm recebido promoções e aumentos salariais", avalia o professor Alzir Azevedo Batista, do Departamento de Química da UFScar. Um exemplo é um reator fotoquímico microcontrolado, utilizando diodos emissores de luz (LEDs) como fonte de excitação luminosa, criado pelo físico João Fernando Possatto em 2011, orientado pelo professor Alzir. "Este reator apresenta diversas vantagens em relação a modelos disponíveis no mercado", explica Alzir. "Os LEDs podem ser adquiridos no mercado nacional, ao contrário das lâmpadas usadas nos reatores comerciais encontrados no mercado nacional, que devem ser importadas; sua banda espectral é bastante estreita; grande eficiência na conversão da energia elétrica em energia luminosa, resultando em pouca geração de calor; o tempo vida útil dos LEDs é aproximadamente 10 vezes maior quando comparado ao de uma lâmpada fluorescente, portanto o custo x beneficio é bastante inferior ao das lâmpadas fluorescentes especiais; e a construção do nosso reator permite programar automaticamente o tempo de medida, bem como a temperatura interna do reator." 

O curso tem sido muito procurado por alunos, tanto das indústrias, quanto do ensino e, segundo o professor Alzir, o desafio atual é aprimorar este relacionamento. "Queremos realizar mais workshops com egressos dos cursos, alunos atuais e seus superiores para mostrar o potencial do curso, em termos de poder melhor colaborar na elucidação de problemas ocasionais da indústria e da sala de aula", afirma. Atualmente na UFScar há 18 alunos inscritos em Química Tecnológica e 15 em Ensino em Química. No total, houve 45 defesas de dissertação. 

A professora Denise Petri, coordenadora do mestrado profissional do Instituto de Química da USP, sustenta que o objetivo primordial do curso é aproximar o mundo acadêmico do mundo industrial. "O aluno vem com uma questão concreta do lugar onde ele trabalha, e a ideia é que a partir das reflexões com o orientador e as disciplinas, ele consiga resolver essa questão", explica. Segundo ela, um dos desafios atuais é envolver mais orientadores nesta modalidade de mestrado. Atualmente há 26 alunos matriculados ativos, no campus de São Paulo. 

No mês passado foi realizada a primeira defesa de dissertação do curso de mestrado profissional do IQ-USP, com o tema "Avaliação de adjuvantes como estratégia para aumentar a produção da vacina influenza no Instituto Butantan". O novo mestre é Fábio Alessandro de Freitas, farmacêutico bioquímico, que trabalha no Instituto Butantan há 11 anos. O resultado de seu trabalho poderá quadruplicar a produção das vacinas no Instituto, sob a orientação do Prof. Dr. Wagner Quintilio e coordenação do professor Prof. Dr. Isaías Raw.

Freitas tinha há tempos o desejo de fazer uma pós-graduação, mas para cursar o mestrado acadêmico teria que se desligar do trabalho, por conta da grade de horários das disciplinas. Já o mestrado profissional tem horários flexíveis, justamente para que os alunos possam seguir no trabalho sem prejuízos. 

"Eu trabalhava na área de assuntos regulatórios do Butantan quando soube do curso da USP. Conversei com a diretoria do Butantan, onde já havia essa linha de pesquisa e tive o apoio do Instituto para seguir a pesquisa pelo mestrado. Fui transferido para o centro de Biotecnologia e o meu trabalho passou a ser a própria pesquisa", conta o recém-formado mestre. 

Além dos professores Alzir e Denise, o Workshop sobre Mestrado Profissional na 38ª. RASBQ contará ainda com a participação dos professores Pedro de Oliveira (IQ-USP) e Paulo Suarez (IQ-UnB). 

Para saber mais: 
http://www.iq.usp.br/mp/index.php
http://www.ppgq.ufscar.br/ 
http://www.sbq.org.br/38ra/workshop-de-pos-graduacao

Curta a página da 38ª RA e acompanhe as novidades do evento! Convide também seus amigos. Juntos, faremos uma grande reunião anual!

 

Texto: Mario Henrique Viana (Assessoria de Imprensa da SBQ)

http://boletim.sbq.org.br/noticias/2015/n1915.php