29/10/09 |
A organização
da 33ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Química tem confirmada a participação
do prêmio Nobel de Química, Martin Chalfie
como palestrante de abertura do evento, que acontecerá
de 28 a 31 de maio de 2010. Martin Chalfie, do Departamento
de Ciências Biológicas da Universidade de Columbia,
foi o ganhador do prêmio em 2008, ao lado de Osamu
Shimomura, do Laboratório de Biologia Marinha de
Woods Hole, e Roger Y. Tsien, do Instituto de Medicina Howard
Hughes, da Universidade da Califórnia.
O Nobel foi conferido a Chalfie por seu trabalho no campo
da bioquímica que estabeleceu um novo limiar de conhecimento
com a manipulação da chamada proteína
verde fluorescente (GFP, da sigla em inglês Green
Fluorescent Protein).
O controle das propriedades da proteína verde tornou
possível à ciência dispor de um instrumento
que permite acompanhar mudanças ocorridas no interior
de uma célula. Com a fluorescência, pesquisadores
passaram a ter, a partir de então, um novo recurso
para identificar, por exemplo, o processo de crescimento
de um tumor cancerígeno, o desenvolvimento da doença
no cérebro de uma pessoa com Alzheimer, ou o comportamento
de uma bactéria patogênica. O trabalho dos
três cientistas está interligado e propiciou
um grande avanço para a bioquímica, biologia,
ciências médicas e outros ramos do conhecimento.
Um dos pontos iniciais dessa trajetória foi a pesquisa
de Osamu Shimomura, durante os anos 1960, sobre a bioluminescência
da água-viva encontrada na costa do Pacífico,
nos EUA. Martin Chalfie, trinta anos depois, utilizou o
conhecimento sobre a proteína verde fluorescente
da água-viva para atuar em nível celular fazendo
com que processos antes invisíveis para o ser humano
pudessem agora ser reconhecidos e acompanhados. Roger Y.
Tsien, por sua vez, ampliou essas técnicas de forma
a obter proteínas brilhantes de todas as cores (as
informações estão disponíveis
em www.nobelprize.org)
Com o emprego das proteínas que funcionam como “etiquetas”,
geradas a partir da tecnologia do DNA, pesquisadores de
todo o mundo podem estudar diferentes processos como a criação
de células beta para a produção de
insulina no organismo. Ou distribuir pontos coloridos nas
células do cérebro de uma cobaia para entender
mecanismos neurológicos.
Martin Chalfie é norte-americano, nascido em 1947,
natural de Chicago, IIlinois. Três de seus avós
eram imigrantes europeus que chegaram aos EUA no início
do século XX. Seu pai, músico e radialista,
e sua mãe, dona de uma confecção, tiveram
três filhos dos quais ele é o mais velho. Chalfie
descreve sua infância e juventude como típicas
do espírito norte-americano da época, como
pode ser visto na autobiografia no web site da Fundação
Nobel. Aprendeu a tocar violão clássico com
o pai e encontrou na natação seu esporte preferido.
Ingressou em Harvard em 1965 tendo a matemática como
uma possível vocação, mas terminou
por optar pela bioquímica.
Trabalhou durante cinco anos no Laboratório de Biologia
Molecular de Cambridge, na Inglaterra, onde passou a integrar
o grupo de pesquisadores dedicados aos estudos do nematóide
Caenorhabditis elegans, que apresenta vários fatores
favoráveis para a compreensão de mecanismos
celulares.
Em 1972 passa a integrar o Departamento de Fisiologia de
Harvard. No conjunto de seu trabalho destaca-se a identificação
de que seria possível introduzir a proteína
verde fluorescente na célula do nematóide
C. elegans e com isso criar uma “etiqueta” para
acompanhar as mudanças ali ocorridas.
Fonte: Carlos Martins (Assessoria de Imprensa da SBQ) |