29a Reunião Anual
Sociedade Brasileira de Química
 
   
 
:: Menu ::
:: Ayrton F. Martins ::

Conversão térmica de biomassa à baixa temperatura para a produção de bioóleo e insumos químicos.

 

A crescente importância econômica dos itens energia e meio ambiente vem afetando não apenas o perfil de produtos como também dos processos de produção. Novas e conhecidas tecnologias vêm sendo (re)descobertas e aplicadas no sentido de reduzir a poluição provocada pelos processos de fabricação, como também da disposição dos subprodutos.
A disposição final de resíduos urbanos, industriais, agrícolas e florestais, via incineração e/ou aterros, vem sendo preterida mundialmente em favor de alternativas menos primárias e mais efetivas, tais como os processos térmicos de conversão, que permitem recuperação de produtos químicos e frações combustíveis, entre outros. 
A Conversão Pirolítica à baixa temperatura (LTC = low temperature conversion) de biomassa é um processo termocatalítico desenvolvido há mais de 30 anos, que tem sido empregado para a recuperação de produtos químicos, geralmente, óleos e carvão. Tais produtos, de fácil manuseio, armazenagem e transporte, ao contrário do resíduo orgânico original, podem ser utilizados como insumos químicos e na geração de energia. Geralmente conduzido na faixa de 300 - 450 °C, na ausência de ar (oxigênio), o processo de pirolítico pode ser aplicado a uma grande variedade de materiais orgânicos residuais (resíduos agroflorestais, urbanos, lodos orgânicos industriais e outros).
O óleo de pirólise ou bioóleo, derivado majoritariamente da termólise da lignina, contém hidrocarbonetos aromáticos altamente oxigenados, fenóis e ácidos orgânicos, bem como outros compostos multifuncionais de natureza ainda mais complexa. O resíduo sólido da pirólie pode ser usado como combustível limpo ou ativado por meio de gaseificação parcial. O gás-de-pirólise pode ser utilizado diretamente para a geração de calor e energia (inclusive, no próprio processo) ou como gás-de-síntese.
Neste trabalho, será enfocado principalmente a conversão térmica de resíduos agroindustriais - casca de arroz, caroço de pêssego e serragem de eucalipto – abundantes e disponíveis a custo zero no RS, constituindo problemas ambientais nas regiões de cultivo/industrialização.
A produção de carvão residual é interessante tanto para uso direto ou como precursor de carvão ativo, existindo grande demanda em áreas como tratamento de efluentes industriais, purificação de águas para abastecimento público, indústria de alimentos & bebidas e outras aplicações.
Os bioóleos obtidos (bastante semelhantes) podem ser utilizados como aditivos, substitutos ou precursores de combustíveis (óleo combustível, diesel), especialmente, se submetidos a subseqüente fracionamento e/ou (hidro)craqueamento. Há grande interesse em substitutos para o fenol petroquímico importado e em uma gama de insumos para a indústria química-farmacêutica. Em sumo, praticamente tudo que se obtém do petróleo pode ser produzido por meio de pirólise da biomassa.
No momento registra-se apenas pequena, mas crescente competência no que se refere ao processo de pirólise da biomassa, no país.

 

<<voltar